O erro de Narciso não é, ao contrário do que o título sugere, uma longa meditação a respeito do mito de Narciso — este é apenas seu ponto de partida. Louis Lavelle parte da ideia do fechamento em si mesmo para perguntar-se o que seria a abertura para o outro dentro do mundo comum, que para ele é a «presença total». Assim, Lavelle se dedica a temas como a medida, que é «ao mesmo tempo essa tensão e essa compreensão que fazem com que cada coisa esteja em seu lugar, com que cada faculdade exerça seu jogo mais reto e mais forte», e a sabedoria, que, «em vez de ser, como se costuma acreditar, uma renúncia ao absoluto, é, ao contrário, esse encontro do absoluto que dá a cada coisa sua medida». Em última instância, Lavelle busca uma perfeição existencial, conjeturando padrões pelos quais uma pessoa poderia julgar seus atos mais íntimos e chegar até a pureza, «tão perfeita e tão unida que não oferece abertura para nenhum ataque. Ela não se divide para se conhecer».